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O Medo da Inovação: Por que Algumas Lideranças Reagem Mal à Tecnologia?

Ao longo da história, a chegada de novas tecnologias sempre foi acompanhada por um sentimento comum: o medo. A inovação provoca desconforto, especialmente em ambientes tradicionais, onde velhas práticas são vistas como sinônimo de segurança e autoridade. No campo da política, esse medo se manifesta com frequência, e hoje encontra novo alvo na inteligência artificial (IA).


IA e Legislação

Sempre sugem comentários irônicos e desdenhosos sobre o uso de IA para auxiliar no processo legislativo. Para alguns, trata-se de “gente metida a legislador por IA”, como se o simples fato de utilizar uma ferramenta tecnológica para melhorar o trabalho significasse usurpar funções institucionais. Tais comentários revelam mais do que uma crítica pontual: expõe uma resistência crônica à modernização.


É preciso esclarecer que inteligência artificial não legisla, não decide e não ocupa cargo público. Trata-se de uma ferramenta, como tantas outras que já transformaram a administração pública – dos computadores às planilhas eletrônicas, dos sistemas de protocolo digital aos portais de transparência. O que muda agora é a capacidade de análise e velocidade de acesso à informação, oferecendo suporte técnico para que as decisões humanas sejam mais embasadas.


Resistir a essa evolução não é prova de zelo institucional, mas, muitas vezes, reflexo de uma insegurança diante do novo. A reação sarcástica ao uso de IA por cidadãos ou parlamentares indica um receio: o de perder o monopólio da informação e do discurso. Quando a tecnologia se torna acessível, ela democratiza o saber e aproxima a sociedade dos processos legislativos. Isso incomoda quem prefere manter a distância entre o poder e o povo.



Entretanto, é justamente essa aproximação que fortalece a democracia. Quando um cidadão utiliza IA para estudar leis, propor ideias ou fiscalizar atos públicos, ele está exercendo plenamente o seu papel cívico. Ao invés de desprezar essa atitude, o parlamento municipal deveria acolhê-la, incentivando a participação popular qualificada e abrindo espaço para inovações que melhorem a vida coletiva.


Vale lembrar que o medo da inovação não é exclusividade de nosso tempo. Quando surgiram as primeiras calculadoras eletrônicas, professores temiam que os alunos deixassem de aprender matemática. Quando a internet chegou às escolas, acreditava-se que os estudantes não aprenderiam mais a pesquisar. Hoje, vemos que tais temores eram infundados. A IA é apenas o próximo capítulo dessa longa história.


As lideranças que hoje rejeitam o uso da inteligência artificial correm o risco de repetir erros do passado. A inovação é inevitável. Cabe ao bom gestor e ao bom legislador entender que resistir por resistir é desperdiçar oportunidades. O papel de uma liderança responsável é guiar a adaptação, não atrasá-la. O futuro não espera — e o cidadão, cada vez mais conectado, também não.


Carlos Bleinroth

Carlos Bleinroth

Formado em Tecnologia em Gestão Pública

Empresário de Comunicação em Indústria 4.0 e Transformação Digital

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